[ARTIGO] “O que Apps de Instant Messaging nunca serão”, por Beto Bina
O que Apps de Instant Messaging nunca serão
Por Beto Bina (*)
A primeira vez que vi a apresentação do Paul Adams chamada The Real Life Social Network foi uma revelação para mim. Na época, eu estava lendo tudo sobre social media e o conceito que ele trouxe — e que deu origem ao círculos do Google — fez eu entender o que hoje é óbvio:
As pessoas atuam diferente dependendo da sua rede social.
O Google não conseguiu tirar plena vantagem desse insight, depois de muitas tentativas de liderar em social, desde o Buzz até o Wave, ou com o Plus e o novo Plus. Mas outros grandes players também não acharam a solução ideal. Interessante é que a resposta para o insight não era trazer a o conceito como função, tipo Twitter Lists ou o Facebook Groups. A solução estava mais próxima de uma tecnologia simples e discreta: o SMS.
Hoje, Instant Messaging (IM) é a melhor representação dos círculos.
O uso de IM é o comportamento que mais cresce em social nos últimos 5 anos. WhatsApp e Facebook Messenger já estão próximos de alcançar 1 bilhão de usuários. IM vai adicionar 1.1 bilhão de novos usuários até 2018. Essa é uma grande oportunidade para as marcas, mas também um desafio, já que IM não terá funções para anunciantes como estamos acostumados.
IM não terá anúncio em canais de influenciadores, mas terá conteúdo.
Snapchat lançou o Discover há um ano atrás, integrando conteúdo dos melhores produtores do mundo e agora oferecendo conteúdo original. Facebook lançou o Instant Articles que, mesmo sendo usado através da plataforma principal, seu design bebe da fonte de um comportamento de IM. Outro app, Breaker, recomenda conteúdo curado por diferentes fontes e baseado no interesse das pessoas. O CEO da empresa, Shailo Rao, diz “Ao invés de fazer broadcasting, devemos focar em conversas entre poucas pessoas”.
IM não terá buy buttons, mas terá pagamentos.
Facebook já está oferecendo pagamentos desde junho do ano passado. Apple está considerando usar o iMessage integrado com o seu serviço de pagamento para transações entre usuários. Snapchat também oferece pagamento pela plataforma. No mercado oriental, que possui plataformas de IM muito mais maduras, o WeChat oferece o WeBank, um banco online-only que opera fora do WeChat mas usa o WeChat log in para suas contas.
IM não terá serviços Prime, mas terá Personal Assistant (PA) e muitos outros serviços.
Facebook M é uma das iniciativas mais promissoras e ousadas do Facebook. Ele é diferente de outros PAs, como Cortana da Microsoft e Siri da Apple, pois é um híbrido de inteligência artificial e pessoas reais. Facebook M funciona através do Messenger e promete chegar em outro nível de serviço como, por exemplo, cancelar a TV a Cabo pra você. Já o WeChat é o líder na oferta de serviços, através do app você pode pedir comida, chamar taxi, marcar médico e pagar o supermercado.
IM não terá programas de fidelidade, mas terá CRM.
Já existem algumas marcas usando o serviço de Business do Messenger. Os usuários não precisam ser fan da marca no Facebook, porém eles tem que ter o Messenger App. “O importante é que estamos testando, e liderando através dessa mudança, ao invés de tentar reagir quando a mudança estiver já implementada”, diz Dan Moriarty, Diretor de Social da rede hoteleira Hyatt.
IM não terá Search, mas fará a busca e ajudará você a se organizar.
Jobot é um serviço externo ao WeChat que ajuda as pessoas a procurarem trabalho através de uma conversa para identificação de perfil. Outro serviço, Cola, ajuda na organização de tarefas diárias através de IM, coisas como onde e quando se encontrar, ou lembrar a lista do supermercado. “IM é onde os usuários estão” diz David Temkin, CEO da empresa.
(*) Beto Bina é Associate Director na R/GA New York.